Falar de bullying virou ordem do dia. As consequências cruéis do ataque diário, repetido e cruel são tão devastadoras que algumas leis anti bullying vem sendo aprovadas em países mais desenvolvidos. Entre nerds, gordos, baixinhos e tímidos, um grupo no entanto, permanece invisível. Gays.
Adolescentes gays são vítimas de bullying diariamente. Se forem afeminados ou tímidos é ainda pior. A face mais cruel dessa situação no entanto, não ocorre na escola ou na rua, nem na internet. Ocorre em casa. Por que o bullying homossexual é, na maioria das vezes, autorizado e reforçado pelos pais. O sofrimento desses meninos e meninas não encontra nenhuma compaixão nem proteção no lar. Pelo contrário, de vítimas viram culpados.
Começa cedo. As vezes ainda criança, que tímida e quieta é chamada de "bicho do mato" pelos próprios pais e cobrada de uma extroversão que ela não consegue dar conta. Começa no menino que volta para casa depois de apanhar na rua e escuta do pai que precisa se comportar como homem. E que muitas vezes apanha de novo.
Na adolescência, além das dúvidas e temores da descoberta da sexualidade e da necessidade de esconder isso de todos, vem os ataques na escola. Os deboches. As piadas. Brincadeiras de mau gosto. E quando não suporta mais a pressão e pede ajuda aos pais, ouve deles que se ele se comportasse como homem (ou como uma mocinha, no caso de meninas mais masculinizadas) nada disso aconteceria. Que a culpa daquilo é dele, que não sabe se impor.
Muitos pais se omitem por vergonha. Por que não querem ir na escola defender o filho que demonstra uma sexualidade e um comportamento que ele identifica como errado. Nas escolas o bullying gay é tratado como "coisa de meninos". Adolescentes gays incomodam uma escola que não sabe lidar com a diversidade sexual. E com isso comunicam aos agressores que não existe nada de errado no que está sendo feito. Que "homens de verdade" aprendem a lidar com isso.
E o número de suicídios motivados por bullying cresce assustadoramente. Como crescem os assassinatos de cunho homofóbico. Por que se tolera cada vez mais cedo que um grupo oprima o outro só por que são maioria. Por que se autoriza o bullying quando pais se calam por medo ou vergonha. Quando a escola se omite para não discutir a diversidade sexual. Quando o Estado não reconhece o crime de homofobia. Esses adolescentes estão sozinhos num mundo que diz que seu sofrimento é auto motivado. E que se querem ficar em paz que mudem! Como se eles tivessem essa escolha...
Essa semana, mais um adolescente se suicidou, vítima de cyberbullying devido a sua orientação sexual. Uma criança que talvez nem tivesse claro sua sexualidade. Mais um. Num universo que talvez você desconheça. Num caminho que talvez seu filho ou seu vizinho, seu sobrinho, amigo, parente esteja tomando hoje, quando sai de casa e vai para a escola. E quando volta, machucado, agredido e tendo que esconder isso dos pais, para não ser vitima novamente. Não se cale. Não autorize isso.
Hoje é o SpiritDay, promovido pela GLAAD pelo fim do bullying LGBT e pela visibilidade da comunidade gay. Use Roxo. Mas muito mais que isso, não se omita mais. Se você sabe de algum caso, conhece alguma vítima de bullying LGBT não se omita. Denuncie! Exija providências da escola. Apoie. Amanhã pode ser tarde demais.
tirado do blog "Mãe,Sou Gay!" http://maedefilhogay.blogspot.com/2010/10/um-bullying-autorizado.html
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